A doença celíaca (DC) é uma desordem autoimune sistêmica caracterizada pela intolerância ao glúten, presente no trigo, na cevada e no centeio, em indivíduos geneticamente predispostos.
A DC afeta aproximadamente 1% da população mundial, sendo mais prevalente em mulheres e em pessoas de ascendência europeia. Embora a doença celíaca seja reconhecida principalmente por seus efeitos no trato gastrointestinal, ela pode causar uma ampla gama de manifestações sistêmicas e complicações tardias, que são o foco deste artigo.
Continue a leitura e compreenda a importância do acompanhamento de longo prazo para melhorar a qualidade de vida dos pacientes com doença celíaca!
Principais complicações tardias da doença celíaca
- Complicações gastrointestinais: enteropatia refratária, linfoma intestinal e adenocarcinoma do intestino delgado;
- Complicações hepáticas: hepatite autoimune, cirrose biliar primária e esteatose hepática;
- Complicações metabólicas e nutricionais: deficiências vitamínicas e minerais, anemia e osteoporose;
- Complicações neurológicas: ataxia cerebelar, neuropatia periférica e epilepsia;
- Complicações dermatológicas: dermatite herpetiforme;
- Complicações reprodutivas: infertilidade e aborto espontâneo.
Qual a importância da triagem das complicações tardias da doença celíaca?
A identificação e o manejo das complicações tardias da doença celíaca são cruciais para melhorar a qualidade de vida e prevenir morbidades adicionais nos pacientes afetados.
De acordo com as diretrizes atuais, é recomendado que os médicos realizem uma triagem abrangente, incluindo exames laboratoriais para avaliação de anemia e deficiências vitamínicas e minerais, densitometria óssea para detecção de osteoporose, e exames de imagem, como ultrassonografia abdominal e endoscopia digestiva alta, conforme indicado.
Além disso, é importante realizar o acompanhamento clínico e laboratorial dos pacientes com doença celíaca em intervalos regulares, para identificar precocemente possíveis complicações.
Conclusão
A doença celíaca é uma desordem autoimune sistêmica que pode levar a uma ampla gama de complicações tardias, algumas das quais podem ser graves e impactar significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
Médicos devem estar cientes dessas complicações e realizar triagens e acompanhamento adequados, de acordo com as diretrizes atuais. O manejo oportuno das complicações tardias da doença celíaca é essencial para melhorar o prognóstico e a qualidade de vida dos pacientes afetados.
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