Nódulo de Tireoide: O Que Avaliar no Ultrassom e Quando Encaminhar para o Endocrinologista?

Nódulo de Tireoide: O Que Avaliar no Ultrassom e Quando Encaminhar para o Endocrinologista?

Os nódulos tireoidianos representam um desafio diagnóstico significativo, especialmente a partir da conduta de solicitação de ultrassonografia de tireoide como exame de rotina (conduta essa não embasada em recomendações oficiais). Com isso, a avaliação de nódulos achados incidentalmente pode trazer desafio para o profissional assim como assustar o paciente. E isso é especialmente importante quando se trata de pacientes pediátricos, com uma probabilidade maior de malignidade em comparação com os adultos.

No post de hoje, vamos abordar a qualidade do exame de ultrassonografia (US) e, baseando-nos no artigo de Essenmacher et al. (2017), discutiremos os aspectos cruciais que profissionais de saúde devem avaliar no ultrassom tireoidiano e quando é apropriado encaminhar para um endocrinologista.

O Que Avaliar no Ultrassom

Para garantir que um nódulo tireoidiano seja avaliado corretamente, os seguintes aspectos do ultrassom devem ser considerados:

     

      • Composição: A natureza do nódulo (sólido, cístico, ou complexo).

      • Ecogenicidade: A densidade do nódulo comparada ao tecido tireoidiano normal.

      • Calcificações: A presença de microcalcificações pode ser um sinal de malignidade.

      • Margens: Nódulos com margens irregulares podem indicar malignidade.

      • Tamanho: Dimensões exatas do nódulo (e, principalmente, a evolução dessas dimensões ao longo do tempo).

      • Presença de Linfonodo Sentinela: Alterações nos linfonodos podem indicar metástase.

      • Vascularização: Padrões de fluxo sanguíneo dentro e ao redor do nódulo.

      • Tecido Tireoidiano Subjacente: Avaliar a presença de doença tireoidiana subjacente.

      • Elastografia: Uma técnica para avaliar a rigidez do nódulo, útil para avaliação de risco, mas nem sempre disponível.

    Características Suspeitas

    Algumas características são particularmente preocupantes e podem exigir encaminhamento para um endocrinologista:

       

        • Calcificações: Microcalcificações presentes.

        • Linfonodos: Linfonodos com textura heterogênea, calcificações, ou áreas císticas.

        • Margem: Margens irregulares do nódulo.

        • Vascularização: Aumento da vascularização intranodular.

      • Ecogenicidade: Nódulos hipoecóicos ou marcadamente hipoecóicos.
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      Diferenças na Avaliação Pediátrica

      Importante destacar que nódulos tireoidianos em pacientes pediátricos apresentam um risco três a cinco vezes maior de serem malignos em comparação com adultos. A ultrassonografia é a modalidade de imagem mais sensível para a detecção de nódulos tireoidianos e é amplamente aceita para o exame de rotina.

      Considerações Finais

      A frequência de solicitações de ultrassom tireoidiano tem aumentado, e muitos nódulos são descobertos acidentalmente, o que pode alarmar desnecessariamente os pacientes e suas famílias. É essencial que profissionais de saúde realizem uma avaliação meticulosa e encaminhem para especialistas sempre que necessário para garantir uma interpretação correta e um manejo adequado.

      Referência:

      Essenmacher AC, Joyce PH Jr, Kao SC, Epelman M, Pesce LM, D’Alessandro MP, Sato Y, Johnson CM, Podberesky DJ. Sonographic Evaluation of Pediatric Thyroid Nodules. Radiographics. 2017 Oct;37(6):1731-1752. doi: 10.1148/rg.2017170059.

      Artigo: Nódulo de tireoide: o que avaliar no ultrassom e quando encaminhar para o endocrinologista?
      Por: Dra. Juliana Gabriel, médica endocrinologista e endocrinologista pediátrica. CRM-SP 127584; RQE 30.007 e 30.007-1.