Testosterona na mulher: repor ou não repor?

Aproveitando o gancho do Dia Internacional da Mulher e diversos questionamentos que recebemos sobre este tema que está muito em alta na mídia: a suposta Síndrome da Deficiência Androgênica e a indicação da reposição de Testosterona na mulher, o hormônio masculino.

Buscamos referências científicas e tentamos traduzir de uma forma simples o que a ciência tem mostrado, para que cada um tenha ferramentas para tirar suas próprias conclusões. Continue a leitura e confira a seguir!

De onde vem e para que serve a Testosterona na mulher?

Na mulher, 25% dos andrógenos são produzidos na adrenal, 25% nos ovários e 50% são produzidos nos tecidos alvo através dos precursores.

Ou seja, a maior parte da testosterona é produzida localmente nos tecidos que necessitam daquele andrógeno e não podem ser dosadas na circulação sanguínea.

O corpo feminino precisa da presença de andrógenos por seus efeitos que vão além do tecido reprodutivo, como:

  • Aumento da produção de glóbulos vermelhos (hemácias);
  • Aumento da massa muscular e aumento da força;
  • Alterações no metabolismo de carboidratos e gordura, por exemplo, diminuição da adiposidade periférica (braços e pernas);
  • Regulação do sistema imunológico;
  • Regulação da força e do instinto de luta-fuga;
  • Regulação do desejo sexual.

Portanto, níveis de testosterona circulantes no sangue feminino são normalmente baixos e não significa que a mulher terá carência de andrógenos no corpo. Isto porque:

  • A maior parte do andrógeno é produzida localmente pelos órgãos;
  • A testosterona é apenas um dos vários andrógenos produzidos no corpo;
  • Os métodos laboratoriais para dosagem de testosterona não são muito bem validados para mulheres como são para homens;
  • Existem vários fatores que interferem nesta dosagem;
  • Existe variação dos níveis de testosterona ao longo do ciclo menstrual e também ao longo do dia.

Em resumo, devido ao diagnóstico da deficiência androgênica feminina ser difícil clinicamente e, principalmente, pelo fato dos métodos laboratoriais ainda não serem confiáveis, A TRIAGEM DE ROTINA DA TESTOSTERONA NA MULHER NÃO ESTÁ INDICADA. Apenas está indicada em situações clínicas onde há maior risco e sintomas evidentes.

A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) está alinhada com o consenso internacional e já se posicionou CONTRA a testagem de testosterona nas mulheres, CONTRA o uso de testosterona para fins estéticos, CONTRA o uso do termo “hormônio bioidêntico” de forma sensacionalista e também CONTRA a chamada “modulação

E para finalizar, deixamos aqui o parabéns a todas nós, mulheres, pelo nosso dia! Que sigamos empoderadas de conhecimento, saúde e autonomia!